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al berto

a guerra daqui não mata - mas abre fissuras
nos nervos - é o que te posso dizer 
deste país que escolhi para definhar

a cidade é um amontoado de lixo de tapumes
de sucata e de casas que se desmoronam
a realidade estragou os olhos das crianças 

no fim do corpo em que me escondo espalhou-se
a treva onde 
guardo a corola azulínia de tua ausência 

e o marulho nítido de um mar que canta 
é um calor sísmico nos lábios que beijaste

é-me difícil continuar a escrever-te
o que me destrói - sei que estou fodido
e tu já não és meu

preparo-me para entreabrir os olhos e 
deixar escorrer a convulsão oleosa das lágrimas 
e das coisas tristes 

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