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pablo neruda

Eu amo-te sem saber como, ou quando, ou a partir de onde. Eu simplesmente amo-te, sem problemas ou orgulho: eu amo-te desta maneira porque não conheço qualquer outra forma de amar sem ser esta, onde não existe eu ou tu, tão intimamente que a tua mão sobre o meu peito é a minha mão, tão intimamente que quando adormeço os teus olhos fecham-se.

2 comentários:

  1. Assim que li o nome Pablo Neruda, lembrei-me deste poema que é considerado uma ode à Primavera e ao amor (posso deixar aqui?):
    Poema 14
    Brincas todos os dias com a luz do Universo.
    Subtil visitadora, chegas na flor e na água.
    És mais do que a pequena cabeça branca que aperto
    como um cacho entre as mãos todos os dias.

    Com ninguém te pareces desde que eu te amo.
    Deixa-me estender-te entre grinaldas amarelas.
    Quem escreve o teu nome com letras de fumo
    entre as estrelas do sul?
    Ah, deixa-me lembrar como eras então,
    quando ainda não existias.

    Subitamente o vento uiva e bate à minha janela fechada.
    O céu é uma rede coalhada de peixes sombrios.
    Aqui vêm soprar todos os ventos, todos.
    Aqui despe-se a chuva.

    Passam fugindo os pássaros.
    O vento. O vento.
    Eu só posso lutar contra a força dos homens.
    O temporal amontoa folhas escuras
    e solta todos os barcos que esta noite amarraram ao céu.

    Tu estás aqui. Ah tu não foges.
    Tu responder-me-ás até ao último grito.
    Enrola-te a meu lado como se tivesses medo.
    Porém mais que uma vez correu uma sombra estranha
    pelos teus olhos.

    Agora, agora também pequena, trazes-me madressilva,
    e tens até os seios perfumados.
    Enquanto o vento triste galopa matando borboletas
    eu amo-te, e a minha alegria morde a tua boca de ameixa.

    Quanto te haverá doído acostumares-te a mim,
    à minha alma selvagem e só,
    ao meu nome que todos escorraçam.
    Vimos arder tantas vezes a estrela d'alva beijando-nos os olhos
    e sobre as nossas cabeças destorcem-se os crepúsculos
    em leques rodopiantes.
    As minhas palavras choveram sobre ti acariciando-te.
    Amei desde há que tempo o teu corpo de nácar moreno.
    Creio-te mesmo dona do Universo.
    Vou trazer-te das montanhas flores alegres, "copihues",
    avelãs escuras, e cestos silvestres de beijos.

    Quero fazer contigo
    o que a primavera faz com as cerejeiras.

    Pablo Neruda
    in, Veinte poemas de amor y una canción desesperada, 1924

    O que publicaste é igualmente bonito.
    O amor não necessita de explicações.

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    Respostas
    1. Lindo Isabel! É verdade, o amor não se explica, sente-se :-))))))
      beijinho

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