botões de seguimento

rui nunes

Este país, de onde não podes, nem isso, só os teus dedos ao longo de um cabelo empastado de brilhantina, ao longo do peito, das pernas, às vezes de uns lábios, gretados, mirrados, tira as mãos daí: dizem-te, e a tua mão afasta-se, mas ainda sente o calor intermitente da respiração, porra, quase não consigo respirar: dizem-te, e tu afastas ainda mais a mão. E ela fica no seu desamparo, Não sabes, nunca saberás. O outro agora finge dormir, tu olha-lo, a boca entreaberta, um pouco de ranho a escorrer-te do nariz, tão secos os olhos quase não se podem fechar,
- então?
perguntam.
Estremeces.
E tudo recomeça.

(ou, transigindo, de que lado passarás a morrer, a clarear)?

Sem comentários:

Enviar um comentário